Documentário sobre mulheres da pesca artesanal estreia dia 13

Filme narra o processo de trabalho e a relação das mulheres com a pesca artesanal e a saúde, a partir de pesquisa feita nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. 

A pesquisa Desastre do petróleo – Saúde dos povos das águas lança no dia 13 de abril, às 9h, no auditório da Fiocruz Pernambuco, o documentário “O mar que habita em mim”, fruto da dissertação da mestra em Saúde Pública Mariana Gurbindo Flores. O evento está inserido no calendário do Centro de Estudos da instituição, como uma edição extraordinária, e contará como crédito para os alunos da pós-graduação da unidade.

O filme também é um dos produtos do projeto financiado pelo edital Territórios Sustentáveis Saudáveis do Programa Inova Fiocruz e pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS/Facepe). A coordenação é das pesquisadoras do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz PE Idê Gurgel e Mariana Olívia. 

O documentário narra o processo de trabalho e a relação das mulheres com a pesca artesanal e a saúde, a partir de pesquisa feita nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, litoral Sul do estado de Pernambuco, com o objetivo identificar os processos de vulnerabilidade socioambiental e a saúde das mulheres pescadoras e marisqueiras de comunidades desses municípios. As comunidades tradicionais da pesca artesanal do litoral sul de Pernambuco são impactadas pelo Complexo Industrial Portuário Suape, assim como pelo derramamento de petróleo ocorrido na costa do Nordeste brasileiro em 2019 e, mais recentemente, pela pandemia de Covid-19, com agravamento das vulnerabilidades socioeconômicas, ambientais e de saúde.

A dissertação teve por objetivo analisar as vulnerabilidades socioambientais e de saúde das mulheres marisqueiras e/ou pescadoras artesanais, expostas ao derramamento de petróleo no contexto da pandemia de Covid-19, nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca em Pernambuco. Participaram 34 mulheres. 

Na coleta de dados, foram realizados encontros de grupos focais, oficinas de fotografia natural, encontros clínicos, o Diagnóstico Rápido Participativo e a etnografia rápida, que abordaram temas centrais como: saúde sexual e reprodutiva como direito, ciclo menstrual, menopausa e os cuidados; saúde da mulher marisqueira e/ou pescadora, os processos protetores e destrutivos do trabalho na pesca, os impactos da Covid-19 e o petróleo.

Pesquisa Desastre do petróleo – Saúde dos povos das águas: Poucos meses depois do desastre ambiental causado pelo petróleo bruto que invadiu praias do litoral nordestino em agosto de 2019 - considerado o mais grave derramamento ocorrido no litoral do Brasil - pescadores e marisqueiras das 16 cidades litorâneas de Pernambuco atingidas pelo acidente se depararam com outra calamidade: a pandemia da Covid-19. 

Com o vazamento do petróleo essa população teve o seu sustento comprometido, pois não podiam exercer suas atividades no mar e nos mangues; viram a biodiversidade desses ecossistemas serem afetados, e, ao colaborar com a retirada do produto nas praias, sem o uso de equipamentos de proteção, foram expostos ao petróleo bruto, que pode causar distúrbios respiratórios, neurológicos e psíquicos. Na pandemia, muitos dos problemas consequentes do desastre foram agravados. 

Diante desse cenário, pesquisadores e estudantes de pós-graduação, ligados ao Laboratório de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente (Lasat) da Fiocruz Pernambuco, iniciaram pesquisas em 16 territórios atingidos pelo derramamento para investigar saúde e em que condições socioambientais vive essa população no contexto atual, elaborando também estratégias de fortalecimento e de visibilidade dos problemas e conflitos vivenciados nas comunidades.

Premiação: O documentário recebeu premiação de melhor filme e melhor fotografia no 16 festival de Taquary 2023 realizado em Taquaritinga do Norte.