Estudo investiga marcadores genéticos da zika congênita
A Fiocruz Pernambuco está desenvolvendo um estudo clínico focado na identificação de marcadores genéticos associados ao zika congênito. A pesquisa envolve uma análise genética de mães e filhos, com destaque para casos de gêmeos não idênticos, nos quais um irmão desenvolveu a doença grave e o outro saudável, mesmo ambos sendo expostos ao mesmo vírus. Isso sugere que fatores genéticos podem influenciar a resistência ou a suscetibilidade à doença, o que é essencial para um melhor entendimento da zika congênita.
O coordenador do estudo e pesquisador do departamento de Virologia e Terapia Experimental (Lavite), Bartolomeu Acioli, explica que esse estudo busca identificar esses marcadores por meio do sequenciamento genômico total, uma técnica avançada de análise genética. Ele destaca que a descoberta desses marcadores poderá fornecer informações essenciais para prevenir a resistência ou a vulnerabilidade à doença, além de abrir portas para o desenvolvimento de novas intervenções terapêuticas e medicamentos.
Como parte da pesquisa, nesta quarta-feira (27/11), uma instituição em parceria com médicos especialistas, realizou atendimentos clínicos e ambulatoriais específicos para o acompanhamento de famílias afetadas pelo zika congênita. O objetivo foi atualizar as famílias sobre a situação da doença, oferecer cuidados médicos especializados e reforçar o compromisso ético e clínico com as vítimas do agravo. Durante o atendimento, profissionais de diversas áreas, como neuropediatria, pneumologia pediátrica e infectologia pediátrica, avaliaram as diferentes condições clínicas das crianças. Ao todo, trinta consultas foram realizadas, proporcionando um cuidado integral e especializado aos pacientes.
“O projeto contribui para o avanço científico e traz benefícios às famílias participantes, que recebem atendimento especializado e colaboram na coleta de material para a pesquisa. Dessa forma, cria-se uma relação de benefício mútuo. O estudo é inserido em um contexto mais amplo, no qual a genômica é aplicada não apenas a doenças genéticas, mas também a condições não genéticas, como o zika congênita, demonstrando a importância da genética no entendimento e manejo de diversas doenças”, explicou o pesquisador.
O estudo busca alcançar 600 pacientes, sendo 300 mães e 300 crianças, e se destaca como um dos primeiros e mais abrangentes da região. Ao integrar a Rede Genômica do Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa busca fornecer tratamentos personalizados, melhor diagnóstico de doenças e, principalmente, aumentar a equidade no acesso à saúde, com base nas características genéticas da população.