Institucional

Margareth Dalcolmo debate vacinação e futuro da Saúde Pública

Publicado em 03 de Setembro de 2024

Uma plateia curiosa e atenta esteve presente no auditório Frederico Simões Barbosa, na manhã desta terça-feira (03), para assistir à palestra da pesquisadora Margareth Dalcolmo. Com o tema “Vacinação e as emergências em Saúde Pública”, o evento integrou as comemorações dos 74 anos do Instituto Aggeu Magalhães.

 

“Em primeiro lugar, agradeço pelo convite e, em segundo lugar, sinto-me muito feliz, como pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, por estar em Pernambuco, considerando o simbolismo, a qualidade, a tradição científica e a produção que o Instituto Aggeu Magalhães têm oferecido, não apenas à pesquisa e à ciência no estado, mas ao Brasil como um todo”, explicou a pesquisadora.

 

Durante sua palestra, a pesquisadora destacou a importância da vacinação para a proteção da saúde pública. A cientista destacou pesquisa liderada por ela, na qual descartou a hipótese de que a vacina BCG poderia proteger contra o vírus da COVID-19. Esse estudo foi o primeiro ensaio clínico do tipo a ser realizado no mundo, envolvendo cerca de 7.000 participantes. Dalcolmo enfatizou ainda que, os resultados evidenciam a necessidade de contínuo investimento em pesquisa para a correta orientação das estratégias de saúde pública.

 

Outro ponto abordado pela pesquisadora foram os medicamentos para COVID-19 já aprovados no Brasil e o futuro pós-pandemia. Ela sublinhou que o isolamento social e o Sistema Único de Saúde (SUS) foram, e continuam sendo, duas grandes armas na luta contra a pandemia. Além disso, Margareth ressaltou a importância do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que hoje está cada vez mais próximo da população, defendendo a necessidade de abertura de um diálogo constante com a sociedade médica para garantir o sucesso das campanhas de vacinação.

 

A inclusão das vacinas contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) no calendário de vacinação do SUS também foi abordada pela cientista. Segundo ela, o VSR é uma preocupação crescente, pois pode infectar, além de recém nascidos e crianças pequenas, adultos e idosos, especialmente aqueles com mais de 60 anos. Dalcolmo alertou para a necessidade de expandir as coberturas vacinais para proteger esses grupos vulneráveis.

 

A pesquisadora chamou a atenção para os dados do Infogripe, sistema de monitoramento da Fiocruz, que demonstram que a sazonalidade das doenças respiratórias praticamente deixou de existir no Brasil. De acordo com ela, essas doenças agora estão presentes durante todo o ano, embora sua incidência varie conforme as regiões do país. Essa mudança de padrão exige um monitoramento contínuo e ações adaptadas às novas realidades climáticas e sociais brasileiras.

 

Margareth Dalcolmo, uma das mais respeitadas vozes da ciência no Brasil, tem uma vasta trajetória acadêmica e profissional. Formada pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, com especialização em pneumologia pela Fiocruz e doutorado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Dalcolmo é atualmente pesquisadora sênior da Fiocruz e membro titular da Academia Nacional de Medicina. Suas contribuições para a ciência são reconhecidas tanto nacional quanto internacionalmente.

 

As celebrações pelos 74 anos do Instituto Aggeu Magalhães continuarão ao longo da semana, com uma série de eventos que prometem manter o debate científico de alto nível e reforçar a importância da Fiocruz na promoção da saúde pública no Brasil.